A essas alturas, em face do que
ocorreu no Rio de Janeiro ontem, não adianta muito desabafar: eu não disse!?
O que se deve fazer é cerrar
fileiras na luta pelo retorno do Estado Democrático de Direito, o que se dará
apenas com a libertação imediata de todos os presos políticos,
que foram conduzidos a tal situação durante o Estado de Exceção da Copa.
Não havendo muito mais o que dizer a respeito, dada a obviedade da situação,
e como já venho me manifestando a respeito há meses, cumpre, agora, dar a
palavra a outros interlocutores, conforme segue:
"NOTA DE REPÚDIO ÀS PRISÕES ARBITRÁRIAS
Na véspera da final da Copa do Mundo, o principal debate não é sobre quem
será o possível campeão, mas sim sobre se temos ou não democracia em nosso
país. A Justiça expediu 26 mandados de prisão contra professores, jornalistas,
radialistas, midiativistas e outros cidadãos, além de mandados de apreensão de
dois adolescentes, por conta da participação destes em manifestações e da
articulação de novos protestos para os próximos dias. O ato repete prisões que
ocorreram também na abertura da Copa.
Tal atitude nos afasta cada vez mais de um Estado Democrático onde o direito
à liberdade de expressão e manifestação deve ser garantido amplamente. Por conta
disso, as entidades e militantes abaixo assinados repudiam a ação policial e
fazem questão de frisar algumas questões relevantes:
1 — O advogado criminalista Lucas Sada, do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Município do Rio de Janeiro, cuida do caso da radialista
Joseane de Freitas, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), presa neste sábado
(12/07) sob a alegação de formação de quadrilha armada, assim como todos os
outros presos. O advogado relatou que Joseane apenas participou de duas
manifestações, a mais recente realizada em Copacabana por ocasião da abertura
da Copa do Mundo. Ela e os outros presos no Rio serão encaminhados ao Complexo
Penitenciário de Gericinó, em
Bangu. Este fato reforça características típicas de Estado de
exceção que estamos enfrentando nos últimos dias.
2 — A Polícia permitiu acesso exclusivo para os jornalistas a serviço da
mídia corporativa empresarial, impedindo jornalistas e comunicadores
independentes de fazerem a cobertura da ação. Esse fato revela uma atitude
antidemocrática e fere a liberdade de expressão e de imprensa, caracterizando
uma violação aos direitos humanos.
3 — Outra violação de Direitos quase se concretizou com a autorização para
que os jornalistas que tiveram acesso às dependências da Cidade da Polícia
filmassem e fotografassem os presos políticos, mesmo sem haver nenhuma
condenação aos suspeitos. Sem maiores explicações, a polícia desistiu de
apresentar os detidos. Repudiamos a imposição desse tipo de tarefa pelas empresas
aos jornalistas, que viola o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. Tal
repúdio se dá porque a atitude da polícia e também das empresas que em outros
casos já publicaram imagens se impõe como uma violação aos Direitos Humanos dos
presos políticos, e um ataque à Cláusula de Consciência do mesmo Código, que
garante o direito de os profissionais se negarem a tarefas antiéticas.
4 — Ao chegar à Cidade da Polícia para verificar denuncia de cerceamento ao
trabalho dos jornalistas, a diretora do sindicato Gizele Martins foi impedida
de ter acesso às dependências da delegacia. Do lado de fora, ela comprovou que
jornalistas independentes e comunicadores foram de fato proibidos de entrar na
unidade.
Diante desse cenário, é necessário restabelecermos o Estado Democrático de Direito com garantia da liberdade de expressão, manifestação e imprensa. Não podemos admitir, a pretexto da garantia da ordem, o cerceamento de direitos e a prisão daqueles que participam de protestos e lutam por suas causas, ideais e sonhos de uma sociedade mais justa, livre e democrática."
Diante desse cenário, é necessário restabelecermos o Estado Democrático de Direito com garantia da liberdade de expressão, manifestação e imprensa. Não podemos admitir, a pretexto da garantia da ordem, o cerceamento de direitos e a prisão daqueles que participam de protestos e lutam por suas causas, ideais e sonhos de uma sociedade mais justa, livre e democrática."
Assinam:
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de
Janeiro
Sindicato dos Radialistas do Estado do Rio de Janeiro
Associação Mundial de Rádios Comunitárias
Nenhum comentário:
Postar um comentário